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Inundação no Ceará
Esta pequena obra é o resultado de uma redação que elaborei em 22 de junho de 1977, quando cursava a 1ª série do 2º grau, no Ginásio Estadual Presidente Kennedy, município de Belford Roxo - RJ.
O tema sugerido foi que cada aluno dissertasse sobre a desfiguração da natureza, escolhendo o que cada um achasse conveniente. Usei da imaginação para falar sobre um assunto do qual tinha pequena informação, pois, à época do ocorrido, tinha 17 anos incompletos.
Hoje, 29 anos depois, conservando o texto original, acrescentei outros dados comprobatórios acerca daquele acontecimento. Os acréscimos estão em negrito.
Rio - 2006.
Inundação no Ceará:
A catástrofe que repercutiu no mundo inteiro
Os habitantes de algumas cidades do interior do estado do Ceará, há muito padecendo as inclemências de um sol causticante, que fazia ressecar todas as plantações, já se encontravam desanimados, sem esperança, muitos dos quais empreendendo as suas viagens em busca de um solo fértil, onde pudessem levar a efeito a execução dos trabalhos da lavoura, para a plantação do milho, feijão, arroz, etc.
Não encontravam um meio seguro de sobrevivência, uma vez que a principal fonte já revelara a sua insuficiência, em virtude dos fatores negativos acima descritos.
Aquelas populações insatisfeitas, famintas, quase a perecer, refletiam em seus semblantes uma atitude de desespero. Muitos, entretanto, pareciam desafiar as circunstâncias, perseverando firmes, num propósito de não abandonar a sua cidade natal.
Não se esperava que no início da década de 60 houvesse uma mudança tão radical no clima daquela região, mudança essa que parecia reagir aos sofrimentos experimentados por seus habitantes.
À primeira vista, provavelmente, houve uma espécie de reavivamento por parte de muitas pessoas, pois, quando os céus daquele solo anunciaram a presença de chuva, a agitação foi geral: os comentários das gentes, em todas as direções, não cessavam; iriam fazer as suas plantações e, muitos, que já haviam partido para outras terras, começavam a assumir novas atitudes, regressando para as suas cidades, constituindo um verdadeiro nomadismo, à semelhança das tribos pré-históricas.
As precipitações atmosféricas, contudo, representadas pelas chuvas, começaram a assustar os moradores daquelas cidades. Pouco a pouco as águas se avolumavam, fazendo transbordar pequenos e grandes rios. As populações amedrontadas não podiam, por isso, realizar nenhum trabalho de plantação. Muitos procuravam entender o porquê desse desafio enigmático que a Natureza apresentava: antes, pela seca interminável; agora, pela chuva intensa e permanente.
Diante dessa antítese o temor se apoderou das populações, que não tinham uma explicação para tão estranho fato.
Ainda confiantes num retrocesso dessa situação calamitosa, as populações das cidades de Aracati, Russas, Itaiçaba, Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Icó e Castanhão, que é um distrito de Alto Santo, tiveram que sair em debandada, em obediência forçada às ordens do Exército.
Poucos dias se haviam passado desde o início das chuvas, e as notícias de desabamento de casas circulavam por toda parte. Os rios (afluentes do Jaguaribe) ultrapassando os limites das suas margens, inundavam as regiões vizinhas, causando profundas destruições; os lugares mais elevados do solo, desprendendo pedras de tamanhos vários, causavam a morte de homens e animais. As portas das represas celeste não se fechavam e o povo empreendia suas mudanças, lastimando o desfavor que a sorte lhe facultava.
Não havia uma solução e o problema, cada vez mais, tomavam proporções indescritíveis.
Outras notícias se difundiam entre o povo, causando assombro e fazendo desmaiar homens e mulheres. O governo brasileiro cientificou-se do fato e começava a tomar as suas providências para socorrer os moradores daquelas cidades.
O flagelo era grande; as cidades estavam sendo totalmente abandonadas; os retirantes, dia e noite, não cessavam a sua caminhada, sofrendo por entre a tempestade de ventos impetuosos que sacudiam árvores e telhados.
As grandes represas ainda se mantinham firmes e desafiavam, soberbamente, o tempo.
As águas, num verdadeiro turbilhão, mostravam a sua capacidade destruidora.
As atitudes assumidas pelo Governo pouco mudavam a situação em favor do povo. Todos os recursos aplicados eram insuficientes para debelar as dificuldades e o povo sentia insegurança, esperando a morte.
Diante de tal expectação, muitos retrocediam em seus intentos de fuga; resolviam aguardar a destruição que lhes parecia fatal.
Novas notícias vieram a circular, desta vez em caráter mais alarmante: "O açude Orós revela a sua impotência e incapacidade para comportar as águas que, incessantemente, caminham em sua direção". Aquela grande represa, com capacidade para 4 bilhões de metros cúbicos de água, pela primeira vez declara, publicamente, a sua impossibilidade para conter tão grande volume de matéria líquida, sofrendo uma ruptura parcial de sua barragem.
Foi exatamente no dia 26 de março de 1960, às 10 horas, que um grande e terrível estrondo é ouvido a grande distância. As águas armazenadas no gigantesco açude ultrapassaram o nível da barragem e invadiram toda a extensão do vale do Jaguaribe, destruindo o que encontrava pela frente: povoações, cultivos, criações; deixando, como consequência, a morte, a miséria e o desabrigo, vitimando, segundo se sabe, mais de 300 mil pessoas.
Tudo se apresentava mudado. As poucas árvores que restavam, desfolhadas e inclinadas devido à ação dos ventos destruidores, proclamavam, unanimemente, os resultados daquela horripilante catástrofe.
Como vimos, localidades houve que foram totalmente cobertas pelas águas, que fizeram desaparecer todo e qualquer vestígio de habitação.
Novas e reforçadas providências são levadas a efeito pelo governo federal em favor dos flagelados cearenses, enquanto as chuvas diminuem seu ímpeto, trazendo novas esperanças para as populações desabrigadas.
Ao cabo de algum tempo cessam as chuvas e um arco-íris traça nos céus uma palavra de esperança, respondendo, com a sua presença, aos clamores incessantes do povo que procura a salvação.
O fato sensibilizou a todos. A angústia daqueles nossos irmãos cearenses transferiu-se para todos nós. Todos sofreram com tal espetáculo, que constituiu uma verdadeira incógnita para muitas almas.
Não se sabe, até agora, se tal demonstração do poder indomável da Natureza representou um castigo para reprimir os abusos do pensamento humano, resultado do seu livre arbítrio, ou se foi uma consequência natural das condições meteorológicas.
Contudo, a mão de Deus pôde controlar todas as circunstâncias desfavoráveis, que pareciam incontroladas, e a paz voltou a reinar entre o povo.
Direitos Autorais Reservados
Autor: Idalino Rodrigues de Freitas
Formado em Direito pela U.G.F - RJ
Os Arcanos da Política
De conformidade com os estudiosos, a Política é uma Ciência, a Ciência do Estado, a arte de bem governar os povos.
Paremos por aqui a fim de que falemos sobre os Arcanos ou mistérios da Política. Em que sentido a Política se constitui num mistério? No modo como os homens tem sido atraídos por ela.
É aqui que encontramos dificuldade para explicar o ministério que envolve essa tão estranha atração.
O que é que atrai os homens para a Política? É a facilidade que existe, nesse campo, para a prática da politicagem.
Aqui as coisas se invertem: a política propriamente dita, transforma-se em politicagem, que quer dizer política estreita, ardilosa, mesquinha e artificiosa.
Muitos são os candidatos, e são tantos que a Política, como uma Ciência, ainda não descobriu a incoerência dessa carreira frenética. E essa carreira, em busca do cobiçado talismã, já atingiu o paroxismo, e a grande Ciência Política não percebe que a politicagem deturpa os fins sublimes a que ela se propõe, qual seja, o bem comum, que é a meta primordial do Estado.
Se a Ciência Política é a arte de bem governar os povos, dentre outras funções, não deveria permitir o desgoverno produzido por aqueles que nunca souberam discernir o seu real significado.
O interesse de determinados indivíduos para o conhecimento desta Ciência seria um bom ponto de partida para a solidificação de nobres ideais. Contudo, o que se observa é a competição levada a efeito por pessoas sem nenhum entendimento nessa área, procurando apropriar-se de um direito que não é o seu.
Vota e ser votado é um preceito constitucional e democrático. Entretanto, prevalecer-se deste princípio para requerer do povo a eleição de determinados indivíduos, constitui um contra-senso, sendo esta a razão por que muita coisa anda errada em nosso país e em todo o mundo.
Homens sem nenhuma visão administrativa, sem nenhum interesse de ordem moral, enclausuram-se nos bastidores da política e aí ficam, anos a fio, prejudicando o povo e a nação.
Indivíduos sem escrúpulo, imorais, interesseiros, têm conquistado cadeiras nas diversas Câmaras, constituindo, isto, uma verdadeira Antítese, que poderíamos classificá-las de Antítese Política.
Infelizmente, grande parte do povo contribui para que isto aconteça.
Este é um tema muito amplo, não podendo ser sintetizado em duas palavras.
Muito embora não seja fácil a escolha de um candidato que preencha os requisito morais de que é digna uma nação, paremos para pensar e, sobretudo, para votar.
Direitos Autorais Reservados
Autor: Idalino Rodrigues de Freitas
Formado em Direito pela U.G.F - RJ
POSITIVOS E NEGATIVOS
POSITIVOS E NEGATIVOS
Reflexões Acerca da Vida em Sociedade
Por que é que se fala tanto sobre certos problemas negativos que dificultam a vida em sociedade?
Ora, difícil me seria dar uma resposta bem precisa, com referência ao assunto, caso eu não visse e nem sentisse, bem de perto, todas essas coisas. Contudo, vejamos se é ou não verdade o que, no momento, passo a afirmar:
É porque entre os homens:
Há conquista de liberdade, mas não há liberdade de conquista;
Há pobres para o direito, mas não há direito para os pobres;
Há homens para o progresso, mas não há progresso para esses homens;
Há muitos favorecidos, mas estes não favorecem;
Muitos trabalham para seu ganho, mas não ganham do seu trabalho;
Há muitos para o trabalho, mas não há trabalho para muitos;
O dinheiro ganha “homens”, mas Homens não ganham dinheiro;
Há homens para o conhecimento, mas não há o conhecimento para esses homens;
Há muitos esclarecidos, mas estes não esclarecem;
Poucos comem para viver e muitos vivem para comer;
Há muitas providências, mas providências não são tomadas;
O povo é de poder, mas o poder não é do povo;
Conhece-se a verdade, mas a verdade é desconhecida;
Há idéias dignas de apoio, mas não há apoio para essas idéias;
Há homens que mostram o direito, mas não há o direito de se mostrar esses homens.
Assim é o mundo de hoje; será também o de amanhã, se providências não forem tomadas.
Direitos Autorais Reservados
Autor: Idalino Rodrigues de Freitas
Formado em Direito pela U.G.F - RJ
Potências Latentes
INTUITIVA DA REALIDADE
Poucos conseguem resistir firmemente, enquanto muitos desistem da luta, procurando uma fuga. Porém, nos momentos mais decisivos, e fechadas que são todas as portas de escape, o grande guerreiro evoca das profundezas da alma, as armas da esperança e, com firmeza, embrenha-se nesse emaranhado exército, numa luta sem tréguas. Encontra-se, muitas vezes, sozinho nessa luta, suportando, com bravura, as inclemências dos seus inimigos que, sem vacilar, lhe obstruem os caminhos por onde tenta conduzir-se. Nem por isso desisti, sabendo que longo é o caminho, e que por esta razão, outras oportunidades ainda surgirão.
O aperto é grande; a luta continua; o forte guerreiro esmera-se a arte de lutar, vencendo alguns obstáculos que se lhe deparam a cada momento. A sua firmeza e intransigência fazem temer os seus inimigos, os quais desconhecem a razão última da sua intrepidez. Alguns dos seus aliados retrocedem; os seus adversários, despreparados, supostamente alcançam a vitória. Eis senão, quando reaparecem, no cenário da guerra, novos aliados, representados pela coragem e pela força da sua vontade, em face dos quais, os seus adversários parecem arrefecer. Não obstante tudo isto, a luta prossegue, produzindo alguns prejuízos para as partes litigantes. Mas o grande guerreiro, após breve recesso, refeito das forças e empunhando suas armas, retorna a marcha, com coragem impoluta. Não teme as consequências, muito embora saiba que são inevitáveis os perigos que o aguardam.
Novas oportunidades favoráveis deparam-se-lhe, conquista novos horizontes e proclama, vitorioso, a sua liberdade.
Assim foi, é e assim será o triunfo do homem, que neste mundo não fala em derrotas, não se lança ao pessimismo, não de desespera, mas, obscurecendo todas as derrotas passadas que lhe foram fatais, tenta reedificar sobre as ruínas do passado, um novo edifício, cujos fundamentos não se abalam, porque firmados na rocha da paz, da esperança, e sobretudo do amor, que é o vínculo da perfeição.
Direitos Autorais Reservados
Autor: Pr. Idalino Rodrigues de Freitas
Formado em Direito Pela U.G.F - RJ
Mensagem ao Estudante
Pensava você que eu não estava a par dos traumas que o perturbam? Pois saiba que o acompanho em toda a trajetória da vida estudantil.
Escrevo-lhe porque passei o que você passa e sofri o que você está sofrendo.
Estudar é, na verdade, uma tarefa difícil. Está reservada para as pessoas de firmes ideais.
Entendo a sua decepção por não poder, muitas vezes, corresponder à expectativa do seu professor. Você encontra dificuldades para acompanhar a matéria, mas tudo isto é natural.
Esforce-se o quanto puder, pois não há luz vermelha nos caminhos dos heróis da esperança. A luz verde está sempre a brilhar à sua frente. A estrada é sempre livre e o tempo está a sua disposição.
Congratulo-me com você que alcança aprovação imediata. Isto pode decorrer de um dom natural na apreensão dos conhecimentos que lhe são ministrados. Não podemos nos esquecer, entretanto, de que, não obstante esse dom, nada se consegue nesse campo sem um grande esforço.
Parabéns, a você que tem uma percepção imediata das coisas: Deus assim o quis.
Por sua vez, a vitória está reservada àquele que, com dificuldade, teve a coragem de se perfilar ao lado dos mais aplicados nesta grande tarefa. Isto constitui verdadeiro heroísmo.
Dirijo, também, uma palavra ao estudante que, até agora, não quis assumir um compromisso sério consigo mesmo. Refiro-me àquele estudante que vive só para "colar".
Havia nos tempos antigos, no período da lei e dos Profetas, e bem assim, nos tempos do novo testamento, um classe de homens denominada escribas. Esses homens tinham uma missão toda especial: viviam para copiar os textos sagrados. Os escribas realizavam uma tarefa muito importante e faziam-na legalmente.
Os "escribas" de hoje também vivem para copiar, só que o fazem clandestinamente.
Assuma um compromisso sério consigo mesmo. A vitória, neste caso, lhe será fatal, ainda que demore um pouco, pois, como já afirmei, os caminhos estão sempre abertos e o tempo lhe será favorável.
Olhe para a frente e contemple a luz verde nos caminhos da vida.
Direitos Autorais Reservados
Autor: Idalino Rodrigues de Freitas
Formado em Direito pela U.G.F - RJ
Mensagem aos Professores
Em tempos idos, um grande ideal dominou o vosso ser. Isto ocorreu quando dos vossos primeiros contatos com a escola, como alunos. Palmilhando sempre a mesma estrada, dia após dia, o cansaço, às vezes, vos dominava.
Diante das incertezas, uma coisa vos fazia prosseguir: a convicção de que um dia seríeis professores.
E, quantos embates, resultantes de circunstâncias negativas; quanto desânimo, oriundo das grandes pelejas, essa competição interminável em prol da sobrevivência.
Tudo isso foi suplantado por um grande ideal que, em estado latente, falava ao vosso coração.
Hoje, alguns anos depois - ou alguns decênios - ? vós professores ainda continuais vislumbrando auroras. Para vós, tudo se inicia. Estão sempre nascendo em vossas mentes novos conceitos, e novos horizontes estais a descortinar.
Saúdo-vos, amigos professores, por vossa árdua tarefa, eminentemente sacerdotal. Não tenho dúvidas de que aqueles que prosseguem nessa caminhada, obscurecendo injustiças, ingratidões e, muitas vezes, desprezo, estão, na verdade, cumprindo um verdadeiro sacerdócio.
Dirijo-me aos professores vocacionados, àqueles que tem um visão ampla da realidade, aos que venceram e quiseram partilhar a sua vitória, transmitindo os seu conhecimentos.
Firmeza, amigos professores. A vitória vos está garantida. Falo com plena convicção, pois a minha vitória dependeu da vossa dedicação. Agradeçamos juntos, a Deus.
Acompanho a vossa luta interior, quando está na vossa dependência a reprovação de um aluno. Reconheço que ficais tristes ao terdes que tomar tal decisão. Contudo, a justiça deve prevalecer, e todo sacerdócio carrega consigo uma espada de dois gumes, representando a justiça e o amor. A justiça e o amor, entretanto, neste contexto, são uma e a mesma realidade, contemplada de dois ângulos diferentes.
Continuai a vossa luta. A transposição das barreiras dependerá da vossa perseverança. Falo com seriedade: lutai e combatei, com firmeza, e nada se vos apresentará demasiado difícil.
Vós, professores, sois muito honrados. Todas as classes superiores vos são devedoras, dependeram do vosso ensino.
Bem que podíeis vos orgulhar, mas é exatamente o que não fazeis, porque reconheceis que os dotes que tendes, constituem dom de Deus.
Saúdo-vos, num amplexo de amor, lamentando não poder estar sempre ao vosso lado, como aluno que sou.
Direitos Autorais Reservados
Autor: Idalino Rodrigues de Freitas
Formado em Direito pela U.G.F - RJ